Antes de mais vão ter que desculpar o meus erros de lingua portuguesa...

http://www.paolosoprani.com/

 

Ora bem não se trata de dizer que esta concertina é a melhor do mundo, mas de facto, conheço poucas (ou nenhumas) com esta idade e que não têm vergonha à beira das concertinas de hoje, sejam elas de onde forem.

Nunca vi concertina capaz de a abafar é assim.

Este modelo de concertina deve ser uma das melhores màquinas diatonicas que fabricou a Paolo Soprani, marca que existe desde 1870. O meu pai tinha duas como esta e inclusivo, herdei esta. O meu irmão tem a outra e ao meu conhecimento, so conheço mais duas: uma do, Zé Augusto e a outra do, Carlos.

A minha ultimamente esteve muito tempo parada, cerca de 3 anos sem tocar e nesta altura levei-a a, Arcos de Valdevez, para a confiar a um especialista da afinação, não que ela esteja fora de uso mas uma boa revisão é necessària. Ao mesmo tempo pedi algumas modificações, para poder tocar nos agudos até em baixo, visto que os ultimos botões de cima não servem para nada no ambito das nossas musicas focloricas do Alto Minho.

O senhor Silva, afinador pediu algumas semanans par fazer o trabalho, eu disse-lhe que não tinha pressa e finalemente jà estou com saudades da velhinha. Não que eu toque muito, por acaso até tenho pouco vagar, mas ultimamente tem me voltado esta paixão por a concertina e a minha mão direita cheia de reumatismo jà não percebe nada do que lhe acontece.

Actualemente vou tocando num modelo Polverini que o meu irmão, Alfredo, me ofereceu. Tambem gosto muito do toque dela, mas na verdade, falta-lhe qualquer coisa que a velhinha tem e não sei explicar o que é.

Quem fala muito bem destas concertinas é o, Carlos. Tenho muita admiração por ele porque além de ser um dos melhores tocadores que eu conheço, ainda por cima tem muita sabodoria relativamente às concertinas e particularmente sobre estes modelos antigos que ele respeita muito. Ele proprio me conta tudo sobre o historico destas gaitas, de onde vieram, para onde foram, quem as modificou, quem as comprou e quem as queria comprar , enfim eu era capaz de ficar horas a ouvir o Carlos falar destas màquinas e sobretudo quando ele pega numa delas e puxa uma cana verde como deve ser,  posso afirmar que é sempre um momento de grande alegria.

O carlos explica a rareza destes modelos sobre o facto que antigamente eram  carissimas (para a altura) e que bàsicamente so se usava este modelo dentro das nossas povoações do norte onde o dinheiro ainda era mais escasso e concertinas não havia muitas.

Quem queria aprender a tocar , tinha que muita vez arranjar alguem que emprestasse uma concertina, como era o caso na casa do meu pai, fomos muitos a aprender numa antiga Paolo Soprani vermelha de 2 carreiras com 2 registros , eu o meu irmão, Alfredo, e muitos mais.

Esta concertina Paolo Soprani de 2 carreiras tambem foi uma màquina que vem de muito longe, correu muitas mãos e em condições não muito razoàveis mas no entanto nunca falhou e ainda é viva.

Um dia que fui de férias a Portugal atardei-me a tocar mais que de costume e o meu pai todo contente por me ver voltar a paixao fez-me uma surpresa. Quando regressei a casa, em França, descarreguei o carro e vi um caixote de papel. Pensando que era alguma coisa que se estragasse, entreguei a o pacote à minha mulher dizendo-lhe: vê là o que està ai dentro que se calhar são chouriços ou presunto. Dali por pouco ouvi rir às gargalhadas e quando fui ver do que se tratava, estava a a tal concertina em cima da mesa da cozinha. Mais tarde voltei para Portugal e a concertina tambem e ficou na casa do meu pai. No momento das partilhas ficou para um dos meus irmaos.

Como estava à dizer, antigamente não era qualquer um que tinha concertina , infelizmente e tambem por isso havia poucos tocadores. Hoje ha muitos mais  tocadores e concertinas não faltam.

O Carlos contou-me uma historia que eu jà tinha ouvido, mas ele foi testemunha disso.

Um grande desejo para mim seria um dia juntar , Alfredo, Carlos, Zé Augusto e eu ( sou fraco tocador comparado com estes ultimos, mas ainda dou uma cana verde antiga e de toda a maneira visto o alto nivel destes tocadores, de certeza que nimguem me ouve à beira deles...). Não é uma coisa impossivel, mas visto que andamos todos espalhados pelo mundo, França, USA, Portugal, vai ser complicado...

O Carlos disse-me que a màquina està pronta. E que ficou 5 estrelas. Se ele o diz eu acredito. Agora vou ter que arranjar vagar para a ir buscar aos Arcos e ao mesmo tempo aproveito para tirar mais algumas lições com o Carlos que é sempre bom. Se tivermos possiblidades vou tentar gravar "uma p*ta de Cana Verde" como deve ser nos os dois a tocar nas Velhinhas.

Março 2010.

Jà està em casa.

Até que enfim. Fui de facto buscar a minha màquina. O carlos tambem lhe deu uma limpeza por fora e como ele diz està 5 estrelas. Nesta deslocação a Portugal tive a sorte de encontrar tambem o Zé Augusto que estava de férias e tivemos a oportunidade de tocar com as três irmãs : a do Zé Augusto, a do Carlos (excelente concertina) e a minha. Pela mesma é sempre tambem a ocasião para falar da historia de cada concertina que estes dois rapazes conhecem muito bem.


Agora que està em casa vou lhe dar um toque final do ponto de vista estético. Jà lhe modei as correias que estavam vermelhas para a cor de origem que são pretas.  Ainda foi uma grande seca por que troquei com as correias da Polverini e o sistema de fixação e afinação da correia da mão esquerda são completamente diferentes. Mas consegui resolver o assunto e a Polverini é que fica a perder com as correias um pouco usadas da Paolo Soprania e ainda por cima vermelhas, mas mais tarde quando tiver vagar trato da Polverini por enquanto a minha prioridade é a Paolo Soprani.

Dei uma vista de olhos por dentro e de facto està praticamente tudo como novo a saber todas as palhetas foram limpas completamente e levou aqueles vedantes por cima das palhetas que de origem eram em cabedal e agoram são de plàstico, paciença, gostava mais do cabedal mas aparentemente é uma matéria que agora jà não se utilisa para esse uso. E engraçado, mas por dentro o meu falecido pai tinha inscrito o nome dele em todos os elementos incluindo a morada e numero de telefone é para ver o receio que ele tinha que acontecesse alguma coisa à concertina. Para outras pessoas isto não tem nenhuma importância mas para mim tem muita porque de facto esta concertina é a mémoria viva do meu falecido pai. A vida é assim os seres passam e as coisas ficam e essas coisas que nos fazem recordar os melhores momentos dos seres que jà foram acabam por ter um valor enestimable para aqueles que as têm.

Ao mesmo tempo dei um grande polisch em vàrios elementos e hoje vou pintar o espelho do lado dos baixos porque a pintura està gasta (alias jà foi pintado por o menos uma vez). Estive quase para o pintar da mesma côr que a do Carlos ( a mesma côr creme que o espelho botões dos baixos) mas finalemente vou optar por a côr vermelha proxima da original. Tenho que me despachar porque logo à noite a màquina tem que estar pronta a fonctionar visto que estou convidado por meu Tio Màrio para ir ao ensaio do Rancho Alegria onde ele é tocador oficial.

Tenho andado a pensar que se vou actuar para o Rancho se calhar deveria poupar a minha concertina mas no entanto se é para tocar (e para mim tocar tem que ser um prazer) quero tocar com uma concertina que me deia gosto. De facto na ausência da Paolo Soprani usei unicamente a Polverini e acabei por me abituar. Quando peguei na primeira vez na Paolo Soprani fiquei um pouco desorientado por que é tudo muito mais macio e apesar de ser mais pesada até parece mais leve mas quando cheguei a casa e que voltei a tocar na Polverini compreendi logo que a ia arrumar alguns tempos e a minha Paolo Soprani ainda ganhou mais respeito. De facto muitas vezes é quando se passa de uma para outra que se vê a diferença e que nos apaixonamos (estou a falar de concertinas, hei, hoo, h eh...).

Na proxima vou tentar fazer algumas fotos desta màquina. Ha sim jà me esquecia. Tambem aproveitei a minha ida a Portugal para ir visitar o Senhor, Joaquim Nogueira, unico fabricante de concertinas (verdadeiramente portuguesas) em Matosinhos e fiquei tanto entusiasmado que finalemente encomendei-lhe uma. São concertinas foram do comum e para mim são e de longe a melhor coisa que se fabrica actualemente. Mas isto é uma outra historia que vou ter que contar num outro artigo por que de facto a Joaquim Nogueira tem muito que se dizer...